Em clima de tensão ocorreu neste último sábado, dia 26 de junho, a V Conferência Regional dos Bancários, no hotel Beira Rio, com a participação de 111 delegados credenciados, conforme divulgou a atual direção do Sindicato (eleita na apuração), às 12h, quando se encerrou o credenciamento.
A ampla maioria era de bancários e bancárias dos bancos públicos. Estavam presentes, de um lado, os diretores do Sindicato (eleitos na apuração) e também os antigos dirigentes militantes, todos da artban e da DS, e os delegados escolhidos em Macapá, Marabá e Santarém; e de outro, bancários do Movimento Sindicato Livre e alguns poucos bancários independentes, desvinculados de partidos e facções políticas.
JOGO DE CARTAS MARCADAS - PESO DA ESTRUTURA, ROLO COMPRESSOR, E MUITA CAMPANHA ELEITORAL.
Em verdade, a V Conferência, como já era esperado, foi um jogo de cartas marcadas pelo peso da estrutura e do poder econômico. Infelizmente, a categoria acredita cada vez menos no Sindicato e não comparece aos eventos que deveriam servir para construir uma verdadeira unidade em defesa dos direitos e conquistas dos bancários. Ao contrário, servem para que estes grupos atrelados desgastem cada vez mais a crença na luta sindical.
A V Conferência foi marcada por lances que, se não fossem trágicos, soariam cômicos, porque demonstraram uma coordenação perdida diante dos desafios da campanha salarial e mais preocupada em demarcar posição com grosserias e ofensas, e fazer campanha eleitoral. A plenária foi levada aos risos quando um bancário da artban, mau orientado, perguntou no microfone ao Cláudio Puty, convidado pela DS para palestrar na Conferência, se ele realmente era candidato a deputado federal nas próximas eleições. Alguns bancários indignados pediram respeito, já que a Conferência não deveria se destinar à campanha eleitoral partidária e havia uma campanha salarial a ser planejada. Havia, mas não foi: em outro lamentável lance da Conferência, DS e artban decidiram não votar nenhuma estratégia, nenhum eixo e nenhum índice; aliás, nem o índice de 20% de reajuste proposto pela DS foi votado. A Conferência Regional se limitou a eleger os delegados para a Conferência Nacional que será em julho, no Rio de Janeiro.
DETALHES REVELADORES - PRÁTICAS NOCIVAS
1 - Ao início dos trabalhos foi votado o Regimento Interno que previa a eleição de 15 delegados, com os respectivos 15 suplentes, como sempre ocorre todos os anos. Este ano, porém, a direção sindical (eleita na apuração) aprovou, evidentemente no rolo compressor, que o Regimento seria modificado e que apenas 9 delegados seriam eleitos, já que a Conferência consideraria 6 delegados como natos (atuais dirigentes da Contraf e Fetec). Um acinte digno de quem pouco se importa com a democracia ou com a opinião pública, mas, considerando de onde veio, nada a estranhar, uma vez que estão acostumados a rasgar estatutos e regimentos, vide a eleição sindical.
2 - Por cobrança do Movimento Sindicato Livre, a coordenação da mesa informou o número de bancários credenciados logo que se encerrou o credenciamento, às 12h. No entanto, quando faltavam apenas 4 minutos para as 12h, Kátia Furtado, acompanhada de outros bancários, dirigiu-se à mesa do credenciamento e perguntou para 3 funcionárias do Sindicato, que estavam responsáveis pela tarefa, quantos bancários estavam credenciados. Duas funcionárias responderam que havia 100 bancários credenciados. Diante da exatidão do número, Kátia ainda questionou, enfaticamente, se eram exatamente 100, no que as duas funcionárias confirmaram que sim, eram exatamente 100 bancários credenciados. Durante os minutos seguintes Kátia Furtado permaneceu próxima à mesa do credenciamento e apenas 2 bancários ainda se credenciaram. Ou seja, a mesa coordenadora deveria ter anunciado 102 e não 111 credenciados.
3 - Após o almoço, quando o clima já estava tenso, dominado por chacotas e agressões verbais por parte de alguns diretores do Sindicato (eleitos na apuração), uma das bancárias do Movimento Sindicato Livre, Andréa Amaral, do Banco da Amazônia, identificou na plenárias duas senhoras que antes não estavam de crachá. Elas mantinham os crachás virados para esconder as identificações, mas estavam votando normalmente. Andréa aproximou-se e reconheceu uma das senhoras: ela havia estado junto com Andréa num piquete do Banco da Amazônia na greve do ano passado e, em conversa, naquele momento do piquete, disse que estava dando apoio à Associação dos Empregados do Basa - Aeba, mas que não era bancária. Ali estava, porque havia sido paga para fazer o piquete, ocasião em que ambas, Andréa e a senhora, foram agredidas na porta do Basa e foram, juntas, registrar ocorrência na delegacia. Esta senhora, tinha um crachá pendurado no pescoço e votava na Conferência como se bancária fosse. Andréa Amaral denunciou ao microfone pedindo apuração e providências, diante do que as duas senhoras se abaixaram nas cadeiras, e, envergonhadas, não se reivindicaram enquanto bancárias. Instalou-se um silêncio constrangedor e DS e artban ordenaram que a Conferência continuasse, determinando que qualquer encaminhamento deveria ser feito por escrito à mesa. Andréa, então, encaminhou a denúncia por escrito, e a mesa rejeitou porque havia passado a hora de receber encaminhamentos. A denúncia ficou no ar e um clima de revolta se instalou contra mais esta prática vergonhosa da DS e da artban. Ao final da conferência, as duas senhoras sumiram rapidamente, mas ainda foi possível fotografá-las .
4 - Em mais um triste lance, uma delegada sindical reeleita foi, pela segunda vez, excluída por ser da oposição. Luciete Baia é bancária do Banpará de Tucuruí, delegada sindical reeleita, diretora da AFBEPA e membro do Movimento Sindicato Livre. Luciete é uma mulher de luta, lúcida e sensível, que nunca se calou ante uma injustiça e nunca deixou de manifestar-se quando as maracutaias desses grupos partidários afrontam os bancários. Desde a Campanha pelo PCS da AFBEPA e dos bancários do Banpará que Luciete vem sendo excluída das reuniões de delegados sindicais. Foi assim quando realizaram a reunião às vésperas da assembléia que elegeu a comissão eleitoral. Chamaram alguns delegados sindicais, mas Luciete foi uma das que não foi convidada. Foi assim na V Conferência. Estava sendo divulgado que os delegados sindicais eleitos tomariam posse ao final da Conferência. Luciete não só não foi convidada, e suas passagens e estadia não foram pagas, como também seu diploma não estava lá. Estranho? Apenas para quem ainda não sabe do que são capazes os atuais diretores do Sindicato (eleitos na apuração).
ATUALIZAÇÃO ÀS 18h20 - Recebemos do blog da AFBEPA a seguinte informação que aqui atualizamos: a Presidenta da AFBEPA, Kátia Furtado, informa ao blog que esteve hoje, segunda-feira, pela manhã, na sede do Sindicato dos Bancários acompanhada de Luciete Baia e que ambas receberam a notícia de que a delegada sindical reeleita será ressarcida pelos gastos com a vinda à Belém. No mesmo informe, a Presidenta da AFBEPA lembrou de resgatar outra importante proposta do Movimento Sindicato Livre na V Conferência, relativa ao tema Segurança, qual seja a do ressarcimento dos bens móveis subtraídos em assaltos e sequestros dos bancários e seus familiares vítimas da violência bancária.
SINDICATO LIVRE APRESENTA AS MELHORES PROPOSTAS E FAZ 3 DELEGADOS À CONFERÊNCIA NACIONAL - BANCÁRIOS INDEPENDENTES VOTAM COM A OPOSIÇÃO.
O Movimento Sindicato Livre marcou sua participação na V Conferência Regional pela qualidade das propostas, dentre as quais, destaca-se a solicitação para que o Sindicato encaminhe um estudo das perdas históricas que, desde a década de 80, vêm defasando profundamente os salários da categoria, hoje vítima do endividamento e do assédio moral, fruto das metas abusivas. Pela qualidade de sua intervenção e pela seriedade de suas propostas, o Movimento Sindicato Livre conquistou a preferência dos poucos bancários independentes na V Conferência que, ao final, votaram com a Chapa 2 Livre - Bancários. O Sindicato Livre elegeu 3 delegados: Luciete Baia, do Banpará de Tucuruí, e Marlon George e Andréa Amaral, do Banco da Amazônia, irão representar a ampla maioria dos bancários e bancárias do Pará que desejam mudança, dignidade, coragem, independência, liberdade.
NA AGENDA DA CAMPANHA SALARIAL, AINDA SERÁ POSSÍVEL RESGATAR O DEBATE DE ESTRATÉGIA, EIXOS E ÍNDICES NAS CONFERÊNCIAS DOS BANCÁRIOS DO BANCO DA AMAZÔNIA E DOS BANCÁRIOS DO BANPARÁ, QUE OCORRERÃO EM JULHO, COMO TAMBÉM NAS ASSEMBLÉIAS ONDE A CATEGORIA DEVERÁ DIRIGIR, COM INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA, ESTA CAMPANHA SALARIAL.
ESTEJAMOS ATENTOS E MOBILIZADOS. VAMOS LUTAR PELO MELHOR PARA A CATEGORIA E NÃO EM FUNÇÃO DE ELEIÇÕES PARTIDÁRIAS! A CAMPANHA SALARIAL É DOS BANCÁRIOS!
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