Eleições passam, mandatos também passam, mas a honra, a dignidade e o comprometimento das pessoas envolvidas nestes processos ficam marcados na história.
NA NOITE DE QUINTA-FEIRA O DESESPERO DA CHAPA CONTRÁRIA ERA VISÍVEL. PROTELARAM A APURAÇÃO QUE DEVERIA TER SIDO INICIADA NAQUELA NOITE, CONFORME DETERMINA O ESTATUTO.
Todos os bancários e bancárias que estiveram na noite de quinta-feira, 29 de abril, na sede do Sindicato se assustaram com o visível nervosismo dos integrantes e apoiadores da chapa 1. Eles estavam agitados, abalados, claramente angustiados. Naquela noite em que, obedecendo o Estatuto, deveria ter sido aberta a apuração, logo após o término da eleição, eles encontraram uma forma, até agora inexplicável, de protelar a apuração. Em entrevista a uma repórter, o atual presidente e membro da chapa 1, chegou a confidenciar a possibilidade de uma nova eleição. Esperamos até às 3h da madrugada pedindo a apuração imediata. Mas eles estavam com medo.
NA SEXTA-FEIRA ELES JÁ ESTAVAM TRANQUILOS, COMO QUE SEGUROS DO CAMINHO ENCONTRADO PARA GARANTIR, DE QUALQUER JEITO, UM RESULTADO FAVORÁVEL NA APURAÇÃO.
Da mesma forma na sexta-feira, 30 de abril, eles conseguiram um artifício para continuar protelando a apuração e já afirmavam, nos corredores, que queriam apurar apenas na segunda-feira. Como dominam a comissão eleitoral e a mesa apuradora, propuseram uma legitimação da fraude: queriam conferir os votos em separado apenas com a lista geral de votantes, sem comparar com as listas específicas por roteiros de bancos. Nós queríamos a apuração imediata, sem fraude, com a conferência correta, como determina o Estatuto. A mesa apuradora, então, decidiu suspender os trabalhos e convocar nova reunião para segunda-feira. Eles vibraram. Aliás, esta era a única diferença entre a quinta e a sexta-feira: eles estavam mais tranquilos, seguros e até sorridentes, como se já estivessem com os caminhos traçados para garantir, de qualquer jeito, um resultado favorável na apuração.
A INSEGURANÇA DAS URNAS NO SINDICATO DOS BANCÁRIOS. OS VOTOS QUE ALI ESTÃO, AINDA SÃO OS VOTOS DA CATEGORIA? QUEM PODE AFIRMAR?
As urnas ficaram por quatro dias e quatro noites na sede do Sindicato, que está longe de ser um terreno neutro e seguro. Como todos sabemos, a atual direção do Sindicato compõe, coordena e financia a chapa 1, e comanda todo o processo através da comissão eleitoral indicada em uma assembléia manipulada, e da mesa apuradora formada pela CUT, que já declarou apoio aberto à chapa 1.
Como se não bastasse todo esse atrelamento, o processo eleitoral está repleto de irregularidades que abrem brechas e comprometem, totalmente, a lisura do processo e prejudicam a vontade da categoria.
ALGUMAS DAS IRREGULARIDADES QUE MACULARAM O PROCESSO ELEITORAL:
1) AUSÊNCIA DE REGIMENTO ELEITORAL. Nas primeiras reuniões da comissão eleitoral, nosso representante solicitou a cópia do Regimento Eleitoral, no que foi informado que não havia Regimento Eleitoral. Nosso representante, então, propôs que se escrevesse um Regimento Eleitoral e a comissão eleitoral votou e aprovou que não seria escrito qualquer Regimento Eleitoral;
2) MESA APURADORA DA CUT. Ficou bem visível, durante a campanha eleitoral, o apoio da CUT para a chapa 1. Em diversos materiais de propaganda, no site, em camisas, panfletos e até nos adesivos de carro a logomarca da CUT está colada à da chapa 1. Que isenção, portanto, tem os dirigentes sindicais da CUT para coordenar a mesa apuradora? Todas as manobras com as quais a mesa apuradora concordou neste processo não foram previamente combinadas entre a atual direção do Sindicato e os dirigentes da CUT? Os bancários e bancárias que estiveram no Sindicato nas noites de quinta, sexta e segunda-feira puderam perceber, claramente, esse vínculo, e não havia, sequer, uma preocupação em disfarçar; as ordens eram ditadas pelo coordenador da chapa 1 e a presidente da mesa apuradora, presidente da CUT, acatava imediatamente, muitas vezes, contrariando uma decisão sua, tomada minutos antes;
3) PROTELAMENTO DO INÍCIO DA APURAÇÃO, CONTRARIANDO O ESTATUTO. O Estatuto determina que a apuração deve iniciar imediatamente após o encerramento da eleição, assim que estiver confirmado o quórum. A eleição se encerrou às 20h da quinta-feira, dia 29 de abril. Nesta mesma noite, a comissão eleitoral, repassou aos nossos fiscais as atas de urnas que confirmavam que o quórum havia sido atingido. Todos os membros da mesa apuradora estavam na sede do Sindicato dos Bancários, tudo estava pronto para que a apuração se iniciasse, conforme determinação do Estatuto, mas havia uma decisão política da direção do sindicato e da chapa 1 de protelar a apuração. Inventaram um "quórum físico" que nunca constou no Estatuto e, como têm o domínio do processo, adiaram a apuração para sexta-feira, dia 30. Na sexta-feira encontraram outra desculpa: queriam uma legitimação da fraude com a conferência dos votos em separado sem considerar a duplicidade do voto. A mesa apuradora da CUT novamente se submeteu à decisão política da direção do sindicato e da chapa 1 e protelou o início da apuração para segunda-feira dia 3 de maio. As urnas ficaram, por quatro dias e quatro noites na sede do Sindicato e o Estatuto foi rasgado em sua clara determinação;
4) 21 URNAS NA RECEPÇÃO DO SINDICATO. As suspeitas em relação à segurança das urnas se confirmaram na tarde de segunda-feira, quando, inadvertidamente, um dos membros da nossa chapa adentrou a sede do Sindicato e se deparou com uma cena comprometedora: 21 urnas estavam largadas no sofá da recepção. Por quantas horas? Estavam ali desde que chegaram; ou chegaram, subiram e desceram para, dali, serem levadas à sala da comissão eleitoral? O que se passou desde a chegada das urnas até o momento em que foram entregues à comissão eleitoral? O mesmo ocorreu com as demais urnas? Qual o procedimento seguro adotado? Houve procedimento seguro? Para essas 21 urnas não houve. Para as demais, quem pode afirmar? O que chama a atenção é que dentre as urnas expostas na recepção do Sindicato, estavam as urnas de Macapá e Marabá, grandes colégios eleitorais;
5) URNAS SEM LACRE NUMÉRICO E OUTRAS VISIVELMENTE ALTERADAS. O lacre numérico é um aro que contém uma numeração única e, uma vez colocado, só pode ser retirado se for quebrado. Muitas urnas estavam sem o lacre numérico no momento da apuração. Um outro lacre era o de papel com as assinaturas dos mesários e fiscais. Algumas urnas apresentavam aparência estranha, como que os lacres de papel tivessem sido amassados, alterados. Cada vez que nossos fiscais, na apuração, se manifestavam no sentido de registrar tais ocorrências, eram simplesmente ignorados pela mesa apuradora, que se negava a constar em ata o que era visível para todos.
6) A REPRESENTANTE DA OAB FOI RETIRADA DA APURAÇÃO. A solicitação para que a OAB e o Ministério Público do Trabalho acompanhassem o processo eleitoral, inclusive a apuração foi feita pela chapa 2, e encaminhada pela comissão eleitoral. Apenas a OAB enviou representante para o que seria a apuração. Desde a noite de quinta-feira, dia 29 de abril, a Ordem dos Advogados do Brasil estava acompanhando os fatos que envolveram a protelação da apuração, através de sua representante Dra. Ana Kelly. Na sexta-feira, a advogada, integrante da direção da OAB, reiniciou seu trabalho de acompanhamento normalmente, mas em determinado momento se retirou, visivelmente contrariada. Desde então, não mais foi vista na apuração e nem a OAB enviou novo representante.
O QUE ESTÁ NAS URNAS AINDA É A EXPRESSÃO DA VONTADE DA CATEGORIA?
Ontém, dia 3 de maio, segunda-feira, decidiram iniciar a apuração. Saltava aos olhos a felicidade expressa nas faces antes tão angustiadas. Os membros da chapa 1, ao contrário do que se viu na noite da quinta-feira, estavam afirmando, para quem quisesse ouvir, que a eleição já estava ganha.
Neste momento, a apuração mostra ainda um quadro bastante indefinido, isso afirmamos porque temos uma avaliação das urnas que até agora foram apuradas e das urnas que ainda estão por serem apuradas. Até às 5h da madrugada, a diferença entre as chapas era de cerca de 200 votos; com 831 votos para a chapa 1, e 626 votos para a chapa 2.
Independente do resultado da apuração, o que estamos questionando é a lisura do processo, o que estamos questionando é se as urnas ainda carregam, intactas, a vontade da categoria expressa em votos, o que estamos questionando é: até que ponto a atual direção do Sindicato chegaria, ou chegou, para manter-se no poder, principalmente neste ano eleitoral, quando perder a eleição no Sindicato dos Bancários conta, e muito, para o jogo da reeleição da governadora, que é bancária, e pertence ao mesmo grupo político da direção do Sindicato e da chapa 1.
Para que nada maculasse o processo eleitoral, algumas regras deveriam ter sido respeitadas, o Estatuto deveria ter sido respeitado, as condutas da comissão eleitoral e da mesa apuradora deveriam ter sido sérias e inquestionáveis, as urnas deveriam ter sido protegidas em local neutro e seguro, e a OAB deveria ter acompanhado toda a situação envolvendo a apuração. Por quais motivos não foi assim? Neste momento, é possível afirmar, com total certeza, que o processo está seguro e limpo? Se pode afirmar que a lisura está garantida?
Então como fica a vontade da categoria? Quem, realmente, está decidindo, a esta altura, a eleição: os votos dos bancários ou as manipulações da apuração? Quem pode responder com segurança diante de tantas irregularidades?
terça-feira, 4 de maio de 2010
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